O que são gliomas?
Gliomas são tumores primários do Sistema Nervoso Central, ou seja, se originam diretamente das células que compõem o tecido cerebral e medular. Eles se desenvolvem a partir das células da glia — que dão suporte, proteção e nutrição aos neurônios. Trata-se de um grupo heterogêneo de tumores, que podem ser difusos (infiltrativos, sem limites bem definidos) ou circunscritos (como os astrocitomas pilocíticos, geralmente com margens delimitadas).
Quais os tipos de gliomas difusos?
Os principais tipos de gliomas difusos incluem:
- Astrocitomas: originados dos astrócitos, que são as células de suporte mais abundantes do cérebro.
- Oligodendrogliomas: surgem dos oligodendrócitos, responsáveis pela formação da bainha de mielina.
- Glioblastomas: forma mais agressiva e frequente dos gliomas em adultos, classificados como grau 4 pela OMS.
Como os gliomas são classificados?
Desde a Classificação da OMS de 2021, os gliomas difusos passaram a ser organizados com base em características moleculares e na faixa etária em que surgem, sendo divididos em gliomas pediátricos e gliomas adultos.
Além disso, eles são classificados de acordo com o grau de agressividade, variando de grau 2 a grau 4:
- Graus 2: considerados de baixo grau (menor agressividade, crescimento mais lento).
- Graus 3 e 4: considerados de alto grau (maior agressividade, comportamento infiltrativo, crescimento rápido e pior prognóstico).
O perfil molecular — como a presença ou ausência de mutações no gene IDH e co-deleções dos cromossomos 1p/19q — também influencia na classificação, prognóstico e tratamento. Portanto, atualmente falamos de um ‘nome’ e um ‘sobrenome’ para a doença, sendo este último determinado pelas características moleculares.
Quais os sinais e sintomas dos gliomas?
Os sintomas variam de acordo com o tamanho, localização e velocidade de crescimento do tumor. Podem incluir:
- Crises epilépticas: sintoma mais comum em gliomas de baixo grau.
- Dor de cabeça
- Déficits neurológicos focais: como dificuldade para movimentar parte do corpo, alterações na fala, na visão ou no equilíbrio.
- Alterações cognitivas ou comportamentais: especialmente em gliomas frontais.
Em alguns casos, os gliomas podem ser assintomáticos e descobertos incidentalmente em exames de imagem.
Qual o tratamento para gliomas?
O tratamento depende do tipo, grau e localização do glioma, bem como da idade e estado clínico do paciente. As opções incluem:
- Cirurgia: sempre que possível, visa ressecar o maior volume tumoral com segurança. Hoje dispomos de técnicas minimamente invasivas e com monitorização intraoperatória, com objetivo de ressecção MÁXIMA e, ao mesmo tempo, SEGURA para o paciente. Objetiva-se preservação de função neurológica e neurocognitiva.
- Radioterapia: utilizada de forma rotineira no tratamento dos gliomas de alto grau após a cirurgia, e como complemento à cirurgia em casos selecionados de gliomas de baixo grau.
- Quimioterapia: em especial com agentes como a temozolomida, indicada principalmente para gliomas de alto grau. Usa-se eventualmente em casos selecionados de gliomas de baixo grau.
- Terapias-alvo e imunoterapia: em investigação, dependendo do perfil molecular do tumor.
O manejo é sempre multidisciplinar, envolvendo neurocirurgião, oncologista, radio-oncologista, neurologista e equipe de suporte.